Novas modalidades de crédito começam a movimentar o agronegócio, com a promessa de revolucionar o setor produtivo, abrindo oportunidades para transações que envolvem menos burocracia e mais benefícios aos produtores rurais.
Trata-se de uma verdadeira revolução verde, que inclui na prestação de contas – e especialmente nas taxas – a valorização da produção responsável e das práticas de conservação ambiental.
Os recursos destinados aos financiamentos chegam por meio dos chamados green bonds (títulos verdes). São papéis já existentes há mais de uma década, mas que agora parecem ganhar relevância, especialmente num momento em que a produção sustentável e a preocupação ambiental dominam as temáticas da produção de alimentos.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) está fazendo a sua parte. Ele lançou o Plano de Investimento no Agronegócio Sustentável, com a proposta de atrair investidores estrangeiros, apoiar serviços ambientais desenvolvidos no campo e fortalecer a imagem da produção agropecuária.
Várias iniciativas de green bonds vêm surgindo no mercado. Uma delas reúne a Produzindo Certo, a Traive Finance e a Gaia Securitizadora. As três empresas firmaram parceria para estruturar e lançar uma linha de crédito verde e, assim, formatar um modelo de crédito agrícola inovador para produtores rurais.
As empresas realizaram pesquisas com produtores rurais para subsidiar o planejamento da operação. E, a partir delas, desenharam um modelo com menor burocracia e garantia de taxas de juros iguais ou até menores que as ofertas de crédito agrícola convencionais.
E com benefícios adicionais, como a maior previsibilidade em contratos de até três anos e opção de seguro da produção que também busca solucionar algumas necessidades específicas do produtor rural. A primeira iniciativa estima volume total de R$ 100 milhões para investimentos.
O Grupo Ecoagro, em parceria com Rizoma Agro, também anunciou recentemente emissão certificada como green bonds de acordo com o novo critério de agricultura do Climate Bonds Standard. São títulos de dívida voltados à captação de recursos para investimentos em projetos de sustentabilidade e mitigação das mudanças climáticas.
A captação advinda da emissão dos CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio: títulos de renda fixa lastreados em recebíveis originários de negócios realizados entre produtores rurais, ou suas cooperativas, e terceiros) tem como objetivo financiar a expansão da Agricultura Regenerativa Orgânica da Rizoma, que utiliza sistemas produtivos que combinam práticas agrícolas que sequestram carbono, melhoram a resiliência ambiental e o incremento de matéria orgânica no solo.
A operação contou com protocolo agrícola desenvolvido pela Climate Bonds Initiative aplicado pela primeira vez em um projeto agrícola. O Bureau Veritas auditou os critérios determinados e suas evidências para a prática de agricultura de baixo carbono.
Está aí um segmento deve crescer bastante em futuro próximo. De acordo com a Moody’s, agência de classificação de crédito, o mercado de títulos verdes ou voltados para projetos de impacto socioambiental positivo devem alcançar US$ 400 bilhões somente neste ano!