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Projeto Marca Agro do Brasil aposta na comunicação para tornar o Agro uma paixão nacional

Iniciativa conduzida pela ABMRA avança com a definição oficial dos eixos estratégicos  para  combater a desinformação e dialogar com as gerações de futuros líderes

Créditos para foto: Marcelo Catacci.

A pesquisa “Percepções Sobre o Agro. O Que Pensa o Brasileiro”, conduzida pelo Movimento Todos A Uma Só Voz, revelou que sete em cada dez brasileiros possuem uma atitude positiva em relação à agropecuária, além de destacar que o Agro é um dos setores mais admirados pela população do país. Por outro lado, três em cada 10 brasileiros são propensos a boicotar o Agro. Entre esse grupo, 51% dos entrevistados possuem idade entre 15 e 29 anos e são vistos como futuras lideranças do país na próxima década.

O cenário chamou a atenção da Associação Brasileira de Marketing Rural e Agro (ABMRA), escolhida como a curadora e mentora do projeto “Marca Agro do Brasil”, que tem por objetivo, aproximar a cidade do campo e tornar o agro uma paixão nacional.

O projeto consiste em uma série de iniciativas que visam promover a conscientização e o envolvimento da população brasileira em relação ao Agro. Segundo Ricardo Nicodemos, presidente da ABMRA, o agronegócio brasileiro tem avançado significativamente em termos de produção, tecnologia, inovação e sustentabilidade. No entanto, sua comunicação e construção de uma marca forte ficaram aquém, deixando-o vulnerável a críticas frequentes.

Nicodemos também diz que o projeto pretende reverter as percepções negativas dentro do próprio setor e ajudar no posicionamento correto. “Nos chama a atenção quando olhamos para a “8ª Pesquisa ABMRA Hábitos do Produtor Rural” e notamos que 54% dos produtores acreditam que sua imagem perante a sociedade é regular ou péssima. O Agro se relaciona com todas as esferas da economia, do alimento até o vestuário, e precisa ser visto como uma potência”, comenta o presidente da associação.

O projeto “Marca Agro do Brasil” é baseado em três pilares: consistência, sequência e frequência, envolvendo a criação de conteúdos e narrativas embasados na ciência, informações de forma gradual para um melhor entendimento e a realização de ações contínuas e perenes.

Estruturação

A definição dos seis eixos estratégicos, que guiarão todo o planejamento, fez parte do debate central da primeira reunião oficial com todos os Conselhos do Projeto Marca Agro do Brasil, realizada no início do mês de junho de 2023. O encontro contou com a presença de grandes nomes envolvidos com a iniciativa, como o engenheiro agrônomo Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura, o agrônomo Xico Graziano, deputado federal, e o presidente em exercício do Consad da Embrapa, Guilherme Bastos. Diretores da associação, colaboradores e representantes da mídia também foram convidados a opinar e debater ações estratégicas para o projeto.

O Marca Agro do Brasil, que conta com mais de dez conselhos, é composto por mais de 95 pessoas, que estão responsáveis por desenhar a estratégia, o planejamento e o plano de ações. Entre os participantes, também estão renomados profissionais como o pesquisador Paulo do Carmo Martins, representantes de indústrias do Agro, como UPL, Corteva e MSD, produtores rurais, associações do setor agropecuário e veículos de mídia representando o Agrojor, associação de jornalistas especializados no setor agro.

Para Xico Graziano é necessário que a história do Agro seja contada desde o seu início, incluindo as crises e a liderança do setor. “Precisamos mostrar a diferença da nossa área, sua evolução e o impacto que é causado na alimentação diária. É o agro que garante a diversidade da alimentação brasileira, mantendo a saudabilidade e nutrição de cada produto”, comenta o agrônomo.

Segundo Roberto Rodrigues, ex-ministro da agricultura, o momento é de levar o agro até a população de maneira simples e explícita, para que a sociedade entenda a importância do setor dentro da rotina brasileira. “Acredito que o agro tem grande potencial para levar a mudança para dentro da sociedade, principalmente na educação básica. Por isso a necessidade de levar as novidades tecnológicas, falar sobre ESG e conseguir desmentir as fake news que surgem pela desinformação em geral”, afirma o engenheiro agrônomo.

Ainda na ocasião, Daniel Carrara, conselheiro da Embrapa, comentou sobre a importância de mostrar que o campo está acompanhando as tendências mundiais e se mantém como líder de exportação, pela qualidade de produção. “Hoje o Brasil está em 1º lugar na produção de soja, laranja, café e de cana de açúcar e também em 3° na produção de frutas e leite, mas a população brasileira não analisa esta posição e a importância da mesma quando falamos em um contexto geral do Brasil, isso precisa ser divulgado e comunicado”, diz Carrara.

Eixos estratégicos

Os eixos, bases para a construção dos conteúdos e ações de comunicação, foram definidos como:

A História e a Evolução do Agro no Brasil: O objetivo é apresentar a história e evolução do setor agro no Brasil, desde a década de 1950, com a insegurança alimentar, até os tempos atuais de conquista de uma liderança global e produções mais tecnológicas e sustentáveis, mostrando a importância do setor na rotina da sociedade, inserindo o assunto à população desde a educação básica. 

A Alimentação: Mostrar que, atualmente, o Brasil se encaixa como provedor mundial no setor de diversidade de alimentos mesmo com os desafios presentes. É preciso comunicar sobre a produção de alimentos saudáveis, quebrando paradigmas e mitos.

Evolução tecnológica: Comunicar que o agro é tech e acompanha as tendências mundiais, revelando, principalmente aos jovens, o reconhecimento de que a tecnologia está mais presente nos campos e plantações, apoiando a produção de produtos que visem melhor qualidade e produtividade para levar produtos com baixo custo à população.

ESG – Ambiental, Social e Governança: O Agro vem passando por diversas evoluções, sendo influenciado por novas tecnologias, gerações e hábitos. Segundo a 8ª Pesquisa Hábitos do Produtor Rural, 87% dos produtores se preocupam com aspectos ambientais. Isso foi retratado com o avanço na redução das emissões de gases de efeito estufa e na preservação dos biomas. Como assunto do momento, o ESG deve ser um dos discursos chave do projeto Marca Agro do Brasil, mostrando produções mais sustentáveis, o bem-estar animal, além de trazer aspectos governamentais e de profissionalização ao setor. O setor busca não só a conscientização dos produtores, mas também da população geral, o que mostra uma longa caminhada pela conscientização de que o agronegócio caminha junto à sustentabilidade..

Educação, formação e carreira – Partindo da compreensão que a desinformação, desconhecimento e fake news, são pontos que estão sempre afetando a visão do público em geral sobre o agro, é necessário conscientizar e educar para combater informações falsas e melhorar a imagem do agro perante a sociedade. Além disso, também é importante informar sobre as mais variadas oportunidades de carreira dentro do agro, com profissionalização.

Defensivo – Sabendo que a falta de informação afeta a produção do agro, o eixo compreende que o conhecimento que não chega até a população é responsável pelo comprometimento do setor. O Brasil, por exemplo, é um país tropical suscetível a pragas devido ao clima e, por isso, demanda mais defensivos, que protegem a qualidade e saudabilidade dos produtos. No entanto, não é de conhecimento geral a tecnologia usada para esta prática, o que exige a divulgação dos motivos e benefícios do uso do material.

Segundo o presidente da ABMRA, o projeto Marca Agro do Brasil deve entrar em fase de captação a partir do segundo semestre de 2023. Nicodemos diz que a associação anseia para poder destacar o quanto o setor evoluiu nas últimas décadas. “Precisamos mostrar que o Agro é responsável por fornecer alimentos para a população, fibras para o vestuário e energia renovável para manter o país em movimento. Muitas das vezes, com os esforços de famílias de pequenos e médios produtores”, diz Ricardo Nicodemos.