Confira o artigo assinado por Emiliano Graziano, gerente de sustentabilidade da BASF para América do Sul
Um dos principais desafios dos executivos atualmente é como tornar o seu negócio mais sustentável. Há algum tempo, a sustentabilidade deixou de ser um atributo auxiliar e passou a direcionar os modelos de negócios das empresas líderes de mercado. Nesse sentido, hoje percebemos que os avanços mais importantes são alcançados graças a temas e atividades vinculadas ao conceito de economia circular. Essa é a estratégia mais simples e direta para reduzir o desperdício dos recursos – uma vez que sua atuação se amplia para toda a cadeia de valor – e gerar novas oportunidades de negócios.
Economia circular é muito mais do que a gestão de resíduos. O conceito engloba manter os recursos em uso o maior tempo possível, minimizar sua disposição, utilizar de maneira mais eficiente possível, recuperar e regenerar produtos e materiais em todo o seu ciclo de vida. O modelo exige mudanças substanciais em termos de tecnologia e, principalmente, de comportamento de todos nós.
Para isso, o pensamento circular não deve ser limitado às operações internas de uma empresa. Um conceito de economia circular atuante tem que considerar o produto, o processo, o uso e o seu sistema de reutilização desde a concepção. Ele deve incentivar as empresas a pensar não só em sua etapa de produção individual, mas, sim, considerar toda a cadeia de valor para o seu desenvolvimento, uso, descarte e reuso de produtos.
A economia circular é uma tendência relevante principalmente nos setores de transporte, agricultura e construção. No setor do transporte, as tendências de conectividade, a condução autônoma e o aumento de carros elétricos devem permitir aos fornecedores de serviços de mobilidade oferecer opções de transporte coordenado.
Já as mudanças na cadeia da agricultura, provavelmente, seriam menos disruptivas. As inovações nos sistemas de tecnologia de informação podem facilitar a agricultura de precisão e criar a oportunidade de coordenar as cadeias de suprimento totalmente digitalizadas, o que reduz a quantidade de desperdício de alimentos ao longo de toda a cadeia.
Além disso, as mudanças podem conduzir a uma maior eficiência dos recursos e também a práticas agrícolas regenerativas, que permitam um melhor ciclo dos nutrientes, inclusive com a integração com tecnologias de outras indústrias. Uma delas é a de embalagens, com a utilização de plásticos biodegradáveis para o acondicionamento de resíduos orgânicos – que possibilitam a sua compostagem e um reaproveitamento dos nutrientes.
Finalmente, na cadeia da construção, já vemos a influência das novas tecnologias, como a impressão 3D e os processos de construção industrial na fábrica, o que significa que desde o desenvolvimento dos materiais se procura economizar recursos como água e energia, por exemplo. O setor da construção também está mudando devido às novas formas de distribuição residencial, escritórios compartilhados e o trabalho remoto.
O conceito de economia circular afeta as empresas, produtos e serviços de diferentes maneiras. Com sua capacidade de inovação, o setor químico desenvolve um papel fundamental quando se trata de processos de novas soluções. A BASF, como a companhia química líder mundial em inovação, não é alheia às tendências globais e, por isso, desenvolveu duas táticas que estão sendo usadas na América do Sul. São elas: Keep it Smart (Mantenha o Processo Inteligente) e Close the loops (Conecte os pontos).
Keep it Smart é o uso inteligente das soluções para aumentar a eficiência dos processos em toda a cadeia e tornar os produtos mais eficazes. Um exemplo disso é o conceito Verbund da BASF. O sistema cria cadeias de valor eficazes desde os químicos básicos até produtos de valor elevado, tais como pigmentos e produtos de proteção ao cultivo. Para produzir essa variedade de soluções, os coprodutos de uma planta são utilizados como matérias-primas de outra. Neste sistema, processos químicos consomem menos energia, criam menos resíduos e, como consequência, preservam recursos.
Já a tática Close the loops refere-se aos resíduos e coprodutos que são transformados em recursos que podem ser reutilizados no mesmo processo ou modificados para contribuir para processos diferentes. Um exemplo disso é a reutilização dos metais preciosos recuperados após o fim da vida dos catalizadores automotivos, que podem ser usados novamente na produção de catalisadores ou outros produtos.
A transição de uma economia linear para um modelo circular traz alterações significativas nos modelos de negócios e nas atividades de muitas indústrias. O grau e velocidade de “circularidade” dependerão do ritmo do desenvolvimento tecnológico, incentivos regulatórios, novos modelos de negócios, disponibilidade de investimentos e da disposição dos consumidores e do setor empresarial para mudar o seu comportamento.
* Emiliano Graziano, gerente de sustentabilidade da BASF para América do Sul